O plano original de Deus não era dar ao homem a Sua
palavra em forma escrita. Os anjos eram os ensinadores dos homens. Adão e Eva
eram visitados livremente por Deus e os anjos, porém, com a entrada do pecado
esta livre comunhão foi interrompida.
Sendo que a glória de Deus se tornou um fogo
consumidor para o homem, Deus estabeleceu um plano, que lhe permitia apresentar
a Sua vontade à família humana.
A palavra foi transmitida verbalmente pelos
profetas durante aproximadamente 2.500 anos. Isto foi possível porque as
pessoas no inicio do mundo foram privilegiadas com longevidade e prodigiosa
memória.
O homem apenas pode conhecer a Deus porque Ele Se
revela. Todos os cristãos reconhecem que Deus Se revela por intermédio dos
profetas e esta revelação se consumou em Jesus Cristo, por ser Ele o maior dos
profetas. Cristo em todos os Seus ensinos tornou bem claro que Ele era uma
revelação de Deus.
Toda a Teologia nada mais é do que uma revelação
que a Bíblia apresenta a respeito de Deus.
O que é Revelação?
Revelação bíblica é Deus tornar conhecido Seus
pensamentos, Suas intenções, Seus desígnios, Seus mistérios. Isa. 55:8-9, Rom.
11:33-34, Apoc. 1:1.
A Bíblia é a mensagem de Deus em palavras humanas.
Há um Deus transcendente que escolheu revelar-se ao homem, para que ele entenda
como se formaram as coisas.
Revelação tem que ver mais com o conteúdo. A Bíblia
está repleta de expressões como: "e falou o Senhor", "eis o que
diz o Senhor", "veio a mim a palavra do Senhor". Daí a
propriedade de denominarmos o conjunto destas revelações de A Palavra de Deus.
Etimologicamente, revelação vem do latim revelo,
que significa descobrir, desvendar, levantar o véu. Revelação significa
portanto descobrimento, manifestação de algo que está escondido. A palavra
grega correspondente à latina revelação é Apocalipse.
INSPIRAÇÃO
Daniel Rops no livro Que é a Bíblia?, página
40 define inspiração como sendo a operação divina que toma conta do autor
sagrado, esclarecendo-o, guiando-o, assistindo-o na execução do seu trabalho.
Também é uma palavra latina, derivada do verbo
inspiro, que quer dizer "soprar para dentro".
Inspiração refere-se à transmissão, à maneira como
o homem torna conhecida a vontade de Deus.
II Tim. 3:16 nos diz que toda a escritura é
divinamente inspirada, em grego "theopneustos", bafejada por Deus,
tendo o sopro de Deus, inspirada por Deus.
Os termos inspiração e revelação são muitas vezes empregados
indistintamente, por exprimirem apenas aspectos diferentes da mesma verdade
grandiosa.
As escrituras podem, em resumo, ser definidas como
a descrição feita por escritores inspirados duma série de revelações de Deus ao
homem.
A declaração de que a Escritura é inspirada por
Deus é feita de várias formas. No novo Testamento encontramos referências aos
profetas do Velho Testamento, como as seguintes:
"Homens que falaram da parte de Deus" e
"que foram movidos pelo Espírito Santo", "o Espírito de Cristo
que estava neles testificou".
O salmista Davi afirma em 11 Sam. 23:2: "O
Espírito do Senhor fala por meu intermédio".
Destas afirmações se conclui que a Bíblia é um
livro divino, mas evidentemente ele não caiu pronto do céu. Para que a Bíblia
se concretizasse, o Espírito Santo Se serviu de instrumentos que eram humanos e
que conservavam a respectiva personalidade, o caráter, talento e gênio, os
hábitos intelectuais e poderes de estilo. Deus não violentou nem destruiu as
faculdades daqueles que deviam formular a Sua mensagem. O escritor continuava
sendo homem, com seu modo de ser, sua linguagem própria, seu próprio estilo.
Pedro e João são escritores simples, usando um
vocabulário reduzido. Paulo e Lucas são escritores cultos, usando linguagem
rica, primorosa e repleta de figuras literárias.
Pela nossa revista "Review and Herald",
do dia 18 de outubro de 1887 Urias Smith respondeu à seguinte pergunta:
"Não é uma palavra o sinal de uma idéia? E
como pode então uma idéia ser inspirada e os sinais que transferem a idéia de
uma mente para outra não ter inspiração?" Sua resposta: "Se houvesse
apenas uma palavra para expressar uma idéia, talvez isso pudesse ser assim; mas
quando há talvez uma centena de modos para expressar a mesma idéia, o caso se
torna muito diferente. Naturalmente se o Espírito Santo ditasse as palavras
para uma pessoa escrever, ela seria obrigada a usar aquelas mesmas palavras sem
mudança alguma; mas quando uma simples cena ou vista é apresentada à pessoa e
nenhuma linguagem é dada, ela terá a liberdade de descrevê-la com suas próprias
palavras, como melhor lhe parece expressar a verdade do caso. E se havendo já
escrito, uma melhor maneira de expressar lhe ocorre, é perfeitamente lícito
riscar o que já escreveu, para tornar a escrever, conservando estritamente as
idéias e os fatos que lhe foram apresentados. E na segunda versão haveria,
tanto como na primeira, a mesma idéia divinamente comunicada.
Muito do que os profetas escreveram nas Escrituras
são palavras faladas diretamente pelo Senhor e não são as suas próprias. Em
tais casos, naturalmente, as palavras são inspiradas.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICAFERNANDEZ, Karen. Metodologia Científica: curso FMB, pós-graduação, 27/agostoNotas de aulas mimeografadas, São Paulo, 2008